Tuesday, October 15, 2019

Composição na fotografia: o que é?

Nos primeiros artigos dessa série de dicas, acabei focando mais em questões e escolhas técnicas relacionadas ao tipo de arquivo, configurações da câmera, e outros temas, como dicas práticas para perder o medo de fotografar, entre outros.

Então já que passamos por esses primeiros passos, está na hora de começar a entender melhor o que é a composição de uma foto e por que ela é tão importante na hora da captura.

Como vou comentar sobre alguns tipos de composição e técnicas mais usadas para isso, nada mais justo do que iniciar com a definição de composição propriamente dita.

O termo “composição”

Fotografia é uma arte, uma maneira de passar uma mensagem. E quem já se interessou por artes visuais já viu a presença dela por ali. E assim como em outras artes, algumas coisas são comumente presentes, como por exemplo a própria composição que, além das artes visuais, pode ser aplicada em todos os outros meios de expressão, como dança, literatura, design, etc.

Composição, então, de maneira geral, pode ser vista sob vários ângulos, assim como as possibilidades de uma captura na fotografia.

Desde uma maneira de posicionar elementos na cena, como quem está contando uma história, ou como a maneira que esses elementos ficarão balanceados na imagem, em uma fotografia ou peça de design.

Já que composição é algo que abrange tantas áreas diferentes e pode ser vista de vários modos, vamos focar no que interessa no momento, a fotografia.

O que é composição na fotografia?

A composição no caso da fotografia, de maneira super resumida, pode ser definida como a maneira que o fotógrafo se posiciona e a forma como ele posiciona os objetos/personagens na cena que deseja capturar.

Quando alguém está fotografando, nem sempre existe a possibilidade de reposicionar todos os elementos ou mudar o local das luzes e personagens. Então, muitas vezes, é preciso “simplesmente” encontrar um melhor posicionamento para enquadrar a imagem, tanto onde o fotógrafo se posicionará, como o ângulo que a câmera vai apontar, a aproximação que a lente vai fazer (zoom) e também se será preciso subir em um banquinho/escada ou deitar no chão, por exemplo.

Isso faz com que a composição, em termos gerais, seja uma sequência de escolhas que o fotógrafo vai fazer para determinar “o que” e “a forma que” a imagem será capturada.

Como por exemplo, mostrar ou não um espaço vazio ao lado do objeto principal, centralizar ou não o mesmo objeto, deixar a linha do horizonte totalmente horizontal ou propositalmente na diagonal, entre outros detalhes que poderemos explorar futuramente.

Então, mesmo na fotografia, a composição também tem várias maneiras de ser trabalhada e conceituada. A composição de fotos mais naturais são fruto de uma antecipação do que irá acontecer em uma cena, ou seja, estar sempre preparado e olhar em volta para já se posicionar de um jeito que quando o objeto desejado estiver em seu alcance, ele fique do jeito que imaginou enquadra-lo.

Imagine um pássaro levantando voo ou um skatista fazendo uma manobra única. Se o fotógrafo já não estiver posicionado corretamente, a cena não vai se repetir do jeito que gostaria.

Esse cenário é bem diferente de uma fotografia de estúdio, por exemplo, onde o fotógrafo tem o controle total da composição. Mas isso não significa que um é mais simples do que o outro, já que cada tipo de fotografia tem suas facilidades e dificuldades.

A foto deve guiar a visão do espectador

Um poder que temos na composição, também presente nos outros meios de expressão visual, é fazer com que os olhos da pessoa sigam o que desejarmos, guiando os olhos do espectador para que ele veja primeiro determinado objeto e depois outro e, com isso, permitir que a fotografia conte uma história por si só, mesmo sendo uma imagem estática.

Uma composição errada pode fazer toda a diferença, desde resultados visualmente não agradáveis como também contar uma história não planejada. E isso nem sempre poderá ser corrigido no Photoshop ou Lightroom com uma mudança de cores ou um corte mais fechado em uma parte da imagem, apesar de ser um recurso de ouro muitas vezes.

A foto acima, escolhida para exemplificar esse tópico, é uma que pode mudar totalmente a história que está contando com um simples corte na imagem.

Se você optar por passar a impressão que a personagem principal está correndo para algum lugar, com um objetivo em mente, por exemplo, você pode deixar o espaço vazio na frente da personagem, como mostrado na imagem. Porém, se a ideia é dizer que ela está fugindo de algo ou alguém, um espaço maior na parte de trás pode ajudar a passar essa ideia.

Uma pequena mudança como essa na pós produção, altera a composição da foto e pode fazer uma diferença muito grande na mensagem que ela está passando. Mas [e preciso estar ciente que nem sempre esse ajuste é possível, seja por falta de espaço na imagem ou mesmo por excesso de informações.

Como as configurações da câmera podem alterar a composição

Como vimos, a composição é feita a partir de suas escolhas, mas além da questão de escolher um bom posicionamento e ter os objetos nos melhores lugares, as configurações da câmera também podem ajudar a reforçar alguma mensagem.

O exemplo mais claro disso é a utilização de maiores aberturas do diafragma (como reforçamos no artigo sobre a boa utilização dos desfoques), onde grandes aberturas, como 1.4 a 2.8 fazem seu objeto focado saltar aos olhos, já que o fundo ficará bem desfocado. Isso ajuda muito na composição se a ideia é justamente dar uma maior importância ao personagem ou objeto principal.

Outra escolha que altera totalmente a história contada na imagem é também uma questão de configuração: a velocidade do obturador. Pois, velocidades mais baixas, como 1/20 e inferiores, fazem com que qualquer movimento acabe gerando uma impressão maior de velocidade, já que a imagem não ficará “congelada”.

No exemplo da imagem acima, pelo fato do fotógrafo ter deixado uma velocidade mais baixa (tempo de captura maior), isso gerou o rastro do desfoque de movimento. Com esse rastro podemos imaginar uma história envolvendo a imagem, como o passar do tempo de maneira frenética para quem está trabalhando ao fundo, ou simplesmente passar uma mensagem de velocidade ou dinamismo.

A composição como parte natural do processo

Quando for capturar uma imagem, não fique se cobrando o tempo todo quanto a regras pré-definidas de composição, mas estude essas regras antes, sempre vendo muitas referências de outros fotógrafos e também de outras artes visuais, para que quando chegar na prática, a composição se torne algo natural.

Claro que tudo isso só será possível na prática. Por isso experimente novas maneiras de compôr suas imagens, mesmo que isso signifique tirar centenas de fotos do mesmo espaço.

E lembre-se: boas composições serão cada vez mais naturais de serem reconhecidas pelos seus olhos, mas além da estética existe a história, e essa, não necessariamente deve ser sempre “bonita”.

Podemos quebrar propositalmente regras que adquirimos para causar um incômodo proposital, mas para isso você primeiro precisa aprender a utilizar esses conceitos para depois saber como e quando quebra-los.

Nesse artigo, as referências de imagem vieram todas da iStock, que tem nos cedido essas ótimas imagens para ilustrar essa série de dicas de fotografia. Tanto para estudar como para utilização em seus projetos, recomendamos que se cadastre gratuitamente por lá e confira seu acervo.

Até a próxima!

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